“Você vai me abandonar – repetiu sem som, a boca movendo-se muito perto do fone – e eu nada posso fazer para impedir. Você é o meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou.Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê.
E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância.
Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva.
Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber, mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá de mim como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no prato"
Caio F. Abreu
é triste pensar na possibilidade de ser esquecido pelo ser amado
ResponderExcluir